terça-feira, 30 de outubro de 2007

Namorando e Meditando

“Quando se entoa “Namu-myoho-renge-kyo”, mesmo fazendo amor, todas as paixões despertam e o sofrimento da vida e da morte é o nirvana” – Nichiren, in “As Paixões Despertam”.

“Perdoem-me, mas esse é o próprio núcleo da doutrina Mahayana. Nichiren acredita piamente que, como já somos budas e como o nirvana está presente aqui, neste mundo, até mesmo as nossas paixões expressam a natureza da pura realidade. Isso significa que, se tivermos firmemente em vista a nossa natureza de Buda, até os atos mais apaixonados permanecerão despertos. Nichiren despertava os dele repetindo o seu famoso mantra: porém, há muitas outras maneiras de fazê-lo.

“Pessoalmente, acho esse ensinamento prazeroso, afirmativo, um grande alívio ! Até porque ainda não cheguei ao estágio de conseguir abrir mão das minhas paixões. Creio que a maioria das pessoas coincide comigo neste ponto. Mas eu quero muito me libertar do apego e da ilusão. Felizmente, Buda vem ao nosso encontro no meio do caminho. Nós adoramos fazer amor (ou comer batata frita ou qualquer outra coisa); tudo bem. Mas procure preservar a sua natureza de Buda ao desfrutar essas paixões. Pense nos outros, recite um mantra, irradie a generosidade do amor, não esqueça da respiração. Buda nos oferece várias maneiras de fazê-lo; também podemos inventar um jeito só nosso. Trabalhar para vir a ser Buda é uma prática espiritual dificílima”.

Franz Metcalf. O que Buda faria? Ed. Pensamento, 2003, pág. 69. (O autor é PhD pela Universidade de Chicago e autor de vários livros, estudioso e pesquisador do Dharma).

domingo, 28 de outubro de 2007

Ciência da Felicidade

No âmbito dos novos movimentos budistas surgidos no século XX, no Japão, e que estão hoje presentes em diversos países, há um cujo nome em português é Ciência da Felicidade (Kofuku-No-Kagaku).

Em 31 de maio de 1998, fui admitido nesta ordem, através do Rev. Saito, em uma bonita cerimônia noturna, às 21 horas, no bairro carioca do Rio Comprido. Sou, talvez, o primeiro brasileiro, que não tem ascendência japonesa, a fazer parte deste movimento, no Estado do Rio de Janeiro.

Mensalmente a Ciência da Felicidade edita uma revista que já está no número 149 e o seu fundador é o mestre Ryuho Okawa, autor de vários livros, alguns deles já publicados em português, como o recente As Leis da Eternidade, via editora Cultrix. Aos poucos, neste blog de estudos, iremos falar dos seus demais livros já editados em nosso país.

Okawa é um dos autores mais conhecidos no Japão. Nos últimos 20 anos são mais de 400 (quatrocentos) livros já traduzidos para diversas línguas, perfazendo mais de 13 milhões de exemplares.

Seus ensinamentos diários, inspirados, adaptados e atualizados no Tripitaka budista e na Bíblia cristã são gravados e depois transformados em livros. Já há também filmes de longa metragens, ainda inéditos no Brasil e muitos vídeos e DVDs com suas palestras.

A primeira edição de As Leis da Eternidade, em português, saiu pela Editora Best Seller, em 1999. São 156 páginas.

Nascido em 7 de julho de 1956, formado em direito pela Universidade de Tóquio e com pós-graduação na Universidade de Nova York, Ryuho Okawa, com a esposa Kyoko, três filhos e duas filhas dedicam-se a ensinar os Três Tesouros: o Buda, o Darma e a Sanga de uma forma bem contemporânea.

Há ainda uma rede de professores do Darma, missionários, missionárias, reverendos e reverendas espalhados pelo mundo e pregando. Muitos grupos se reúnem nas residências para estudo e prática.

A mestra Kyoko Okawa é professora de língua inglesa formada pela Universidade de Tóquio, tem mais de 10 livros publicados e sua tese principal é a “Educação do ponto de vista Espiritual”.

Na iniciação, os praticantes fazem o “Juramento de Refúgio aos Três Tesouros: Buda, Darma e Sanga”. E após a recitação dos cânticos recebe-se os três livros de cabeceira, exclusivos aos iniciados: Darma do Correto Coração – Ensinamento Búdico, 124 páginas. Preces – volume 1, 82 páginas e Preces – volume 2, 64 páginas.

Verdadeiras preciosidades ! É só o que eu posso dizer, por enquanto. Se, belo dia, for autorizado a falar mais, compartilho os belíssimos textos.

domingo, 21 de outubro de 2007

Origens Budistas da PL - Perfeita Liberdade

O nome original é “PL Kyodan”. PL é a abreviatura de Perfect Liberty e Kyodan significa “Sangha” (associação religiosa ou simplesmente religião). Foi criada antes da Segunda Guerra Mundial, mas começou a crescer demais e, por ter uma pregação pacifista, incomodou ao então governo militarista do Japão que prendeu os fundadores e dirigentes, suspeitos de ensinarem doutrinas contrárias ao Império.

O fundador Tokuharu Miki (1871-1938) aos 8 anos foi para um templo-escola Zen, de linhagem Ôbaku. Aos 22 anos foi ordenado monge e assume o cargo de Mestre em um templo próximo. Aos 23 casou com Csamu Mori. Tiveram três filhos, dois meninos e uma menina.

Devido a prolongada enfermidade da mulher ele renuncia ao cargo de Mestre e monge e dedica-se ao comércio, para manter a família. Ele também fica muito doente.

É nessa época que Miki conhece o shaman, Tokumitsu Kanada, que era um devoto leigo de Kobo Daishi (744-835), grande Mestre e Patriarca da poderosa linhagem do Budismo Esotérico Shingon.

Kobô Daishi também era conhecido como Kukai e foi pra a China estudar, durante três anos, o Darma em sua vertente Esotérica e depois voltou ao seu país natal. Em sua biografia há muitos relatos de cura que ele operou, através da energia de Buddha, para os praticantes em geral, independente de quaisquer linhagens ou vínculos religiosos. Kobô é considerado um santo, um mago, um Grande Ser. Um Bodhisatva encarnado.

Voltemos à PL, Tokumitsu Kanada era um famoso curandeiro, centenas de pessoas acorriam ao seu templo para tratamento, cura e ouvirem as pregações. Tokuharu Miki é curado e torna-se fervoroso adepto da nova linhagem. Os dois então, mediante revelação divina (búdica) fundam a PL, mas nessa época não era permitido palavras estrangeiras, então o nome era “Hito-no-Michi” (Caminho do Homem).

O crescimento é magnífico é em 1934 já havia cerca de um milhão de praticantes, só no Japão, e se difundiu rapidamente pela Coréia, China e Índia. Tokuharu é preso, juntamente com o filho mais velho e doze conselheiros da nova ordem. Pouco antes de Miki falecer todos foram libertados e em seu testamento ele pede que comemorem o seu desencarne com fogos de artifício para que a doutrina se espalhe pelo mundo todo.

De fato, hoje está em diversos países. Chegou ao Brasil em 1957 e já está presente em quase todas as capitais e muitas cidades. Em Arujá, SP, há o Seiti, a Terra Sagrada, local de treinamento de novos líderes, mestres e assistentes de mestres para toda a América Latina.

Todo dia 21 de cada mês comemora-se o “Dia de Agradecimento da PL”, onde são reverenciados os Fundadores. Dia 11 de cada mês é a vez da “Cerimônia dos Antepassados” de todos os peelistas. E Dia 1º de cada mês, o “Dia da Paz”. Paz interior, paz exterior, paz entre as nações, paz em tudo e em todos.

Ainda que tenha renunciado às funções de mestre e monge Ôbaku, por motivos de saúde e ter encontrado sua nova missão, penso que os ancestrais dessa linhagem, juntamente com os protetores da Shingon ajudam no desenvolvimento da PL. As origens remontam não apenas a Kobo Daishi, como vimos, mas também ao Grande Mestre e Patriarca chinês Huang Po (falecido em 850). Na sucessão de Hui Neng (638-713) Huang Po é o terceiro Patriarca. Hui Neng é o sexto Patriarca depois de Bodhidharma, que recebeu a revelação diretamente de Siddharta Gautama, o Buddha; logo, Huang Po é o nono em linha direta.

O ensinamento básico da linhagem fundada por Huang Po que em japonês é conhecido pelo nome Ôbaku, alguns falam Obáku é sobre a “Doutrina da Mente Universal”, daí para a identificar e interpretar esta Mente Universal como Deus é só um sinônimo.

Havia um site brasileiro, está temporariamente em reconstrução. Por enquanto, para maiores detalhes, procure pelo “site em português” da Igreja do Canadá e o ótimo site da PL na Argentina: http://www.perfect-liberty.org.ar

sábado, 20 de outubro de 2007

Visite o blog anterior

Este blog tem uma gratidão búdica com o blog citado abaixo.
Lá você vai encontrar links para outros blogs e sites budistas e literários.
Acesse:

http://budismoprimordialrj.blogspot.com

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Palavras ...

(ensaio poético do monge Hakuan)


Não faça drama
O Darma
É a sua arma.

Mas se você prefere
Falar Dhamma
Fé é a solução
Para acender a chama
Da meditação.

Dhamma Dharma
Darma Dama
Tanto fez, tanto faz
Apenas sinônimos
Nada mais.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Adote Uma Árvore, boletim nº 4, outubro/2007

Adote Uma Árvore
Santa Teresa, RJ, out/07 – Ano I – nº 4
antoniocpbr@click21.com.br
http://budismoprimordialrio.blogspot.com/
Antonio Carlos Rocha (escritor)
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Editorial:
AS SETE PRAGAS
DE SANTA TERESA

Seguindo a tônica das listagens em nº de 7 que estão na moda, vamos nesta edição apresentar sete itens que estão precisando urgente de melhorias.
No mês anterior falamos das sete multivárias maravilhas, agora vamos falar dos sete problemas. É bem provável e quase certo que existam outros.
1 – As ruas esburacadas de Santa Teresa, impressionante como não conseguem nivelar. E isso já dura anos.
2 – A falta de manutenção dos bondinhos, da rede elétrica e dos trilhos. Ali na Rua Joaquim Murtinho, há desníveis com 10 cm na linha férrea.
3 – Os preços no comércio local. Os supermercados na Rua do Riachuelo e Av. Gomes Freire são bem mais baratos que os mercadinhos do bairro.
4 – Os ônibus da Transurb que, há algum tempo, ostentaram a indicação de que era uma empresa com “Iso 9000”. Ou número próximo. Certamente quem fez a certificação nunca andou no “Duzentos e cheio” que é como alguns passageiros chamam o 206. Você já notou que nas outras linhas de integração do Metrô os micro-ônibus têm ar condicionado? Já o 214 só vive de janelas abertas.
5 – Os que realizam bailes e festas, ultrapassando os decibéis permitidos por lei. Os eventos começam às 23 horas e vão até às 6 horas da manhã do dia seguinte e algumas vezes, em dias úteis.
6 – Os carros, geralmente dos visitantes que não conhecendo o bairro atravancam as ruas ao estacionarem de qualquer maneira. Principalmente na parte de cima do Largo do Guimarães e assim os ônibus têm dificuldade de passar.
7 – Assaltos, roubos e furtos em residências, automóveis e nas ruas.
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* Na última edição do “Amast na Praça” e deste “Adote Uma Árvore”, Juca, neto da Ana Lúcia e a Pamela nos brindaram com a leitura de um trecho da poesia de Carlos Drummond de Andrade, gentilmente cedida pelo Joel.

*Poesia ao Meio-Dia: Venha ler, recitar, declamar, representar... a sua poesia, a sua crônica e o seu pequeno conto. Suba na mureta que circunda a Amendoeira do Largo do França e solte a voz. A arte agradece. Tertúlia de Santa Teresa ! A poesia é ao meio-dia porque logo depois, às 13 horas, começa a canja musical.

* Se você concordar, pode tirar cópias e passar adiante. Obrigado !

* Mantenha a cidade limpa e o seu bairro também. Não jogue esta folha no chão. Se não quiser deixe em uma banca de jornal. Peça ao jornaleiro, sempre vai aparecer alguém interessado.

* AMAST NA PRAÇA acontece no terceiro sábado de cada mês, de 11 às 14 horas, a AMAST – Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa realiza um evento itinerante em diversos pontos do bairro.
O último encontro foi no Curvelo (sábado, 15/9/07), ali onde há uma estação centenária dos bondinhos, uma “praça” com mesinhas e bela vista para a baía de Guanabara. Foi inaugurado um grande painel com recortes da mídia sobre as lutas e reivindicações da AMAST.
Uma das finalidades do evento é promover o diálogo entre diretores, moradores e amigos de Santa Teresa no sentido de divulgar as boas causas do bairro: defesa do bondinho, preservação ecológica, melhoria da qualidade de vida etc.
Hoje, 20/10/07, nosso encontro é sob esta linda amendoeira do Largo do França, no dia 17 de novembro será no Vista Alegre e no dia 15 de dezembro no Mirante Guardas do Imperador (em frente ao Corpo de Bombeiros).

*$índrome$ & Viro$e$: “As empresas farmacêuticas ávidas pelo poder e pela ganância, entraram em guerra pelo controle do mercado de antidepressivos, um negócio de bilhões de dólares. Para vencer, financiaram estudos que corroboravam suas teorias, manipularam dados estatísticos, fabricaram e venderam remédios que, além de diversos efeitos colaterais, têm um problema maior: não curam. E, pior, inventaram uma doença: a Síndrome do Pânico”. (revista Universo Espírita, nº 46, p.34). Está nas bancas este mês. O autor da matéria é médico psiquiatra e foi diretor de hospital em SP.

* A questão nos faz lembrar que certa amiga, após se formar em pediatria na UFRJ e abrir o seu consultório (isso já tem mais de 20 anos), recebeu como amostras grátis, várias latas de leite em pó das multinacionais. É o leitemarketing!

* Lembramos também que, um pouco antes, nos anos 60, havia a “Aliança para o Progresso” patrocinada pelo Grande Irmão do Norte, era assim que, à boca pequena, os EUA eram chamados. Dizia-se também que o leite em pó que distribuíam, para as populações mais pobres esterilizavam as pessoas. A pergunta que se fazia era: Aliança para o progresso de quem?

* Colaboração de leitor:"O turismo é um pecado. Viajar a pé é uma virtude (grifo da matéria). No momento em que as pessoas entendem que você chegou a pé, e está tentando misturar-se a elas e compreendê-las, ocorre uma mudança imediata em seu comportamento. A pé você não é perseguido nem impedido de usar os recursos dos outros. Você ouve histórias que não foram contadas a mais ninguém." (Werner Herzog na revista Piauí de setembro de 2007, seção : O que aprendi)"

*Livro do mês: “E se tudo o que você ouviu sobre a AIDS estiver errado?” Um título comprido para um pequeno e importante livro. Publicado pela Editora Paulus, em 1999. A autora, Christine Maggiore, conta, entre outras, que “a AIDS é uma fraude cruel que vem sendo mantida porque muita gente lucra com isso. Retirando o lucro, toda a mitologia vai ruir (...) Em vez de encontrar respostas, percebi que minhas perguntas eram muito malvistas”.

Carta do Leitor: “Que tal ano que vem – 22 de setembro - um agito para comemorarmos o Dia Internacional sem Carros? Por uma Santa Teresa cuja visitação se dê a pé ou de bonde!!! Por calçadas seguras por onde a vida possa fluir. Abaixo a "sustentabilidade" (quem terá o privilégio de "segurar por baixo; de servir de escora"? – ver Aurélio) Viva o desenvolvimento inteligente.“ (Álvaro Braga, por e-mail).

* O bairro de Santa Teresa está completando 257 anos de Vida. Parabéns ! Saúde holística para todos !

* Lançamento: bom livro para as crianças e os adultos também: Em raiz cresce o que planta o coração, Luciene Prado, Edições Muiraquitã, de Niterói. Uma proposta educacional para ensinar, de forma alegre e cativante, sobre as plantas e ervas medicinais; o cuidado, o cultivo e para que servem: arnica, boldo, cidreira, dormideira, macaé, quitoco, vassourinha do campo, saião, etc. A autora é esposa do Fernando Fratane, que ministra cursos práticos de plantas medicinais e cosmética terapêutica. Todo sábado ele tem uma barraca com produtos na Feirinha Orgânica da Glória.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Os videntes do Himalaia

No último feriadão de 10 a 14 de outubro (Nossa Senhora Aparecida, Dia das Crianças, Dia do Descobrimento da América), o professor de Dharma Ricardo Sasaki, diretor do Grupo Nalanda, de Belo Horizonte, orientou em Curitiba, um retiro com o seguinte tema “A Cruz e o Lótus”.

O tema nos fez lembrar de um ótimo livro O Lótus e a Cruz, de autoria do Frei Raimundo Cintra, introdução do monge budista Murilo Nunes de Azevedo (Reirin Jodo) e publicado pelas Edições Paulinas, em 1981.

Frei Raimundo Cintra foi um dos pioneiros católicos na aproximação com o Oriente. Vejamos um belo trecho da pág. 25:

“No segundo milênio antes da era cristã, antes que Abraão iniciasse sua viagem errante através dos desertos, que se estendem da Mesopotâmia até o Egito, à procura do culto do Deus Único, uma outra busca ardorosa e incansável do Todo-poderoso tinha começado no alto dos Himalaias.

Em toda a extensão do vasto sul-continente indiano, a cultura dos invasores arianos já se tinha misturado à cultura, muito florescente, dos dravidianos. E desta fusão de raças e culturas havia nascido e se desenvolvera um prodigioso sistema de pensamento e de vida mística, que se caracterizou sempre por uma intensa e profunda busca do Absoluto.

Assim tivera lugar, na Índia, mais de mil anos antes de Cristo, um acontecimento notável, que foi sem dúvida, um dos mais significativos surgidos em nosso planeta, desde o aparecimento do “Homo Sapiens”. Parece que, então, pela primeira vez na história, o espírito humano rompeu a barreira das representações sensíveis e chegou à intuição da Suprema Realidade.

Foi esta realidade, que transcende ao mesmo tempo os sentidos e a razão – Brahman, que permaneceu desde esse momento até hoje, a inspiração das religiões indianas”.

Reverências à memória destes dois grandes religiosos, já falecidos, Frei Raimundo Cintra e Murilo Nunes de Azevedo. E ao Ricardo Sasaki também que coordenou este retiro ecumênico e inter-religioso.

sábado, 13 de outubro de 2007

Valeu Nichiren !

No calendário budista, o dia 13 de outubro de 1282 marca o falecimento do monge Nichiren, aos 61 anos de idade. Mestre e Grande Patriarca das linhagens (escolas, denominações) búdicas que se inspiram no Sutra Lótus. Seus ensinamentos estão presentes, hoje, em todos os quadrantes da Terra.

Nichiren ou Nitiren quer dizer “Lótus Sol”. Ele revelou ao mundo a força do mantra “Na Mu Myou Hou Ren Gue Kyou”.

Através da verbalização, silabação, sonorização, vocalização e consonantização que constitui a pronúncia do Odaimôku, ou seja, a recitação contínua do Mantra Sagrado “Na Mu Myou Hou Ren Gue Kyou” e que significa “Eu me Refugio no Buda Primordial” nos conectamos com a energia primeira do universo. Daí o brilho do sol, a iluminação refletida nas folhas e flores de lótus.

Nichiren foi um bodhisatva do Buda Primordial, o Buda Eterno, que se manifestou em Sidarta Gautama, o Sakyamuni, e está presente em todas as coisas, em todas as pessoas, em todos os lugares. As sete sílabas do mantra equilibram e abençoam os sete chácras básicos.

Nós do Budismo Primordial HBS o chamamos de Nitiren Daibossatsu. Nossa reverência e gratidão a este Grande Ser. Uns o chamam de Santo, outros de Profeta.

Fisicamente ele faleceu em 13 de outubro de 1282. Melhor dizendo, ele passou para uma outra dimensão da Vida. Ele continua vivo, na Terra Pura do Senhor Buddha. E de lá emite os seus raios de luz, as suas bênçãos para os seus discípulos, amigos, praticantes e admiradores em cada canto do planeta.

Valeu Nichiren !

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O rosto materno de Deus

Em homenagem ao Dia de Nossa Senhora Aparecida, com respeito e reverência, recomendamos a leitura do excelente livro O rosto materno de Deus, de autoria do
teólogo Leonardo Boff, Editora Vozes, 1996, 267 páginas.

“Professor de Ética e Filosofia da Religião na UERJ, Leonardo Boff, com seu costumeiro arrojo, lança neste ensaio uma deslumbrante hipótese teológica sobre Maria Santíssima. Em Maria, o nosso Deus assume forma feminina; em Maria, o feminino se eleva ao nível da divindade. Servindo-se criativamente dos aportes das ciências humanas, da antropologia teológica e da psicologia junguiana, o autor vê Maria unida singular e intimamente ao Espírito Santo, num modo que só tem paralelo na união hipostática do Verbo divino feito Carne. A belíssima figura de Maria, templo do Espírito, Mãe de Deus, Mãe do Belo Amor, resplandece no texto com brilho extraordinário. E as verdades mariológicas – imaculada conceição, virgindade, maternidade divina – ganham inusitado vigor, profundidade e coerência. As gerações humanas aprendem a contemplar em Maria o Rosto Materno de Deus, a divindade em forma feminina, o feminino alcançando o ponto alto da divinização”.

A obra começa com uma citação do Papa João Paulo I: “Deus é Pai e, ainda mais, Mãe”. E termina assim: “Nela, como em Jesus, Deus é tudo em tudo (cf. 1Cor 15,28).

Na noite do lançamento, em Brasília, o auditório estava cheio. Após a palestra do autor, ele autografou vários de seus livros. O teólogo foi apresentado pelo então governador do Distrito Federal, hoje senador e ex-reitor da UnB, professor doutor Cristovam Buarque. Em suas falas, todos dois referiram-se ao Budismo, de forma bastante elogiosa.

A dedicatória que o autor escreveu para nós diz assim: “Antonio: Deus é também Mãe de bondade. L. Boff”.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Novas do Nalanda

Quem anda fazendo um bom trabalho de divulgação do Budismo Theravada em terras brasileiras é o professor de Dharma Ricardo Sasaki, fundador e diretor do Grupo Nalanda, de Belo Horizonte.

Através de cursos, palestras e retiros ele tem estado em Aracaju, São Paulo, Curitiba, Niterói, além, é claro, da capital mineira.

No próximo ano, em janeiro, Sasaki estará mais uma vez na Índia, apresentando uma palestra na 5ª Bienal Internacional de Buddhismo, um conferência cujo tema é: “Cultura Buddhista na Ásia – Unidade na Diversidade”, organizada pelo Centro Somaiya para Estudos Buddhistas, Universidade de Mumbai (Departamento de Filosofia), Universidade Nova Nalanda e Universidade de Puna (Departamento de Páli).

É muito bom que tenhamos um brasileiro por lá, participando deste encontro.

Maiores detalhes acesse www.nalanda.org.br ou

www.theravadacuritiba.wordpress.com

domingo, 7 de outubro de 2007

Expansão Planetária

O título acima é uma expressão usada por Jean Boisselier, autor do livro “A Sabedoria de Buda”, Ed. Objetiva, 2002. Fartamente ilustrado, em cores e em preto e branco, as 192 páginas traçam um bom histórico sobre o budismo.
Um dos capítulos finais é sobre a história do Darma no Ocidente, desde o século II aC. até os nossos dias, quando começaram a surgir, no século passado, em diversos países, linhagens autônomas, independentes das tradicionais denominações da Ásia.
É o caso da Igreja Budista Congregacional da América, fundada em 30 de janeiro de 1976 por refugiados vietnamitas; ou então as Igrejas Budistas da América, do ramo Terra Pura, de inspiração japonesa, mas hoje, completamente independente, inclusive é a primeira escola budista a ter capelães nas Forças Armadas dos EUA, da mesma forma que católicos e protestantes também têm os seus capelães. Tem ainda a congênere Igrejas Budistas do Canadá, também Terra Pura, além de outras linhagens com inspiração no budismo chinês.
Enquanto a imigração japonesa no Brasil começou em 18 de junho de 1908; os japoneses e chineses começaram a imigrar para os Estados Unidos nas décadas de 1860 e 1870 e assim levaram a fé em Buda para as novas terras.
Talvez não seja exagero dizer que hoje, em quase todos os países do ocidente, há pelo menos uma forma de budismo sendo praticada, estudada e divulgada.
Sobre esta profusão de escolas, ramos, linhagens, denominações, interpretações que, também estão presente em outras grandes religiões antigas, o professor doutor Thomas J. Hopkins, do Departamento de Estudos Religiosos do Franklin and Marshal College explica:
“Uma tradição religiosa sem santos e místicos, sem novas revelações, sem a experiência do Sagrado que dá um novo sentido aos ensinamentos antigos – tal tradição, não importa em que parte do mundo ela esteja, é espiritualmente morta”.
Ora, como o Budismo é uma tradição espiritualmente viva, é por isso que existem as novas revelações, as novas formas de ser budista, os novos sentidos interpretando os ensinamentos antigos.

Releituras de Nichiren

"Mas o meu maior respeito é evocado não tanto pelas elevadas contribuições de Nichiren para a história do budismo japonês quanto pela sua profunda e transbordante cordialidade, a qual se reflete em inúmeras cartas de congratulações, agradecimentos e pêsames enviadas a pessoas que, de outra forma, seriam desconhecidas da história. Numa carta ele agradece a alguém por um saquê tão delicioso quanto o néctar; em outra, expressa sua gratidão por bolinhos tão adoráveis quanto a Lua cheia. Não há dúvida de que essas dádivas de saquê e bolinhos eram sinceras expressões de gratidão de pessoas que visitavam o eremitério de Nichiren para discutir seus problemas e receber sua orientação e conselhos. Ele invariavelmente escrevia uma carta para cada pessoa, com agradecimentos pela lembrança.

- Nichiko Niwano in "O Caminho Interior", Ed. Pensamento, 1996.

(Nichiko Niwano é o atual presidente da RKK - Risho Kossei-Kai, uma organização de leigos budistas que tem mais de 6 milhões de adeptos em vários países. A RKK tem no Sutra Lotus o seu texto básico. Fundada em 1938, chegou ao Brasil, oficialmente, em 1971. Veja o site www.rkk.org.br ).

sábado, 6 de outubro de 2007

A Bandeira Budista

Se você entrar no site indicado pela notícia anterior: "Solidariedade que vem da Espanha" verá algumas fotos dos monges budistas de Mianmar (Birmânia) segurando bandeiras budistas. Eis o significado e histórico da bandeira:

"A bandeira budista foi conjuntamente composta pelo Sr. J. R. de Silva e o coronel Henry S. Olcott, como símbolo do renascimento do Budismo no Sri Lanka (antigo Ceilão), no ano de 1880. A bandeira foi, pela primeira vez, usada em 1888 quando a festa de Wesak (a lua cheia de maio) foi celebrada como feriado.

O Coronel Olcott, que era presidente da Sociedade Teosófica, sentiu a necessidade de um símbolo para os budistas. Projetou então uma bandeira para eles procedente da aura que segundo a tradição, teria sido emitida da cabeça do Buda quando se tornou um ser iluminado.

A bandeira do Coronel Olcott veio, mais tarde a simbolizar a unidade dos budistas. Foi aceita como sendo a Bandeira Internacional dos Budistas pela Reunião da Associação Mundial de Budistas, em 1950, e ratificada posteriormente em Tóquio, em 1952. A partir daí o seu uso tornou-se mundial".

(in Catecismo Budista da Escola Jôdo Shinshu, sem data).

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Solidariedade que vem da Espanha

----- Original Message -----

From: "libros budistas" <novedades@librosbudistas.com>
To: "Hakuan ***Antonio Carlos Rocha***"
Sent: Thursday, October 04, 2007 9:55 PM
Subject: Apoya los monjes budistas en Birmania

Amig@s:

Los ataques contra los monjes budistas y manifestantes en Birmania (Myanmar) se multiplican, pero tambien se propaga un movimiento de solidaridad internacional. He recopilado informacion, fotos y sugerencias de lo que podemos hacer en esta pagina:

http://www.librosbudistas.com/otro/monjes-birmania-sept2007.asp

Hagamos algo para que el sacrifico de los monjes no sea en vano.

Muchos saludos

Vayira

(para Hakuan ***Antonio Carlos Rocha***)

Um raro texto de U Ba Khin*

“Samádhi (concentração) é um modo de treinar a mente para que se adquira sossego, pureza e vigor, e é por esse método que se constitui a essência da vida religiosa...

É, na realidade, o grande denominador comum de todas as religiões. A menos que uma pessoa consiga limpar sua mente de contaminações e levá-la a um estado de pureza, como poderá identificar-se com Brahma, ou com Deus?

Se bem que diversas religiões empreguem distintos métodos para o cultivo da mente, o fim é sempre o mesmo: um perfeito estado de sossego físico e mental.

Ao estudante que vem ao Centro a prática lhe ajuda a cultivar o seu poder de concentração até que consiga manter a mente bem fixa no objeto desejado.

Para este efeito, a prática recomenda fixar a atenção em um ponto do lábio superior, imediatamente debaixo do nariz, sincronizando com o movimento do ar que entra e sai pelas narinas; ao respirar ocorre a tomada de consciência silenciosa e completa de cada inspiração e expiração...

Esta técnica de meditação anapana (atenção na respiração) que se pratica no Centro tem uma grande vantagem, pois a respiração é um processo não só natural, mas sim também incessante, de modo que está sempre disponível a atenção em todo momento em que se deseje fixar a atenção através desse método, com exclusão de todo pensamento intruso.

Fazendo um esforço decidido para ir limitando a atividade mental, primeiro à região adjacente ao nariz, mediante a atenção da respiração naquela área, e logo depois – ao ir se tornando cada vez mais suave a respiração – e concentrando a atenção em um só ponto do lábio superior, onde se percebe a temperatura do ar respirado; um bom estudante de meditação, isto é, aplicado e dedicado vai conseguir a concentração fixa da mente em uns poucos dias de exercício” (in Os Valores Reais da Verdadeira Meditação Budista, págs. 5 e 6).

- citado por Eric Lerner no livro “El Budismo Viviente”, de Ramiro A. Calle, Ediciones Cedel, Barcelona, 1984, págs. 137 e 138.

(*) U Ba Khin (1899-1971) foi um grande mestre leigo de Meditação Vipássana, na antiga Birmânia (Mianmar). Treinou centenas de ocidentais e, entre estes, autorizou os seguintes discípulos, também leigos, a continuarem a sua obra: S. N. Goenka, na Índia; Robert Hover e Ruth Denison, nos EUA; John Coleman, na Inglaterra.

Nosso blog de estudos, aos poucos, irá traduzindo os importantes textos de U Ba Khin e de Goenkaji, a partir do livro acima citado.

Recomendamos também “La Vipassana: El arte de la meditación budista”, de William Hart, publicado pela Edaf/Nueva Era, Madrid, 1994.