domingo, 17 de fevereiro de 2008

Reverências aos Pontos Cardeais

(texto de Antonio Carlos Rocha publicado no jornal Ganesha, RJ, ano XVIII, nº 208, fev/2008).

É uma prática multimilenar que se perde na noite dos tempos. Vem do antigo Brahmanismo e o Buddha adotou como prática. Algumas linhagens não praticam por se tratar de algo bem anterior a Siddharta Gautama, mas outras linhagens praticam. Fica, portanto, a critério do coração e da mente de cada um. É bom lembrar que, como o Buddha bem disse em um sutra, não adianta nada fazer a “Reverência aos Pontos Cardeais” e continuar alimentando sentimentos de raiva, ódios e afins.

Independentemente da crença, quer tenham quer não, todos podem fazer, diariamente esta simples e bonita vivência. Pela manhã e à noite, juntando as palmas das mãos, no tradicional gesto de saudação “namastê” a pessoa curva-se, com um profundo sentimento de gratidão para o leste, oeste, norte, sul e ainda acrescenta o centro da terra (nadir), o zênite – o infinito a partir do alto da cabeça e por fim, reverencia-se o estado interior de iluminação que todos nós temos.

Se for difícil identificar os pontos cardeais pode-se tomar como início um altar, uma árvore, uma planta, algo que lembre a natureza.

Na antiga mitologia brahmânica e budista, nos pontos cardeais do planeta, haviam reis que governavam esses quadrantes e protegiam as pessoas, os animais, os vegetais, os insetos e até os seres invisíveis. Na realidade, esses reis são os pólos magnéticos do globo terrestre que, através da Lei da Gravidade e outras leis ajudam na manutenção e coesão de todos os elementos que interagem para a forma mais ou menos “esférica” dos corpos celestes e, portanto, do planeta Terra também.

Este ensinamento aprendi com o monge budista Venerável Vipassi, do Sri Lanka, já falecido. Mas já presenciei religiosos e praticantes de outras linhagens realizando esta elegante forma de oração bem dinâmica.

Por outro lado, ao fazermos a reverência estamos movimentando a coluna, o tronco para frente. Lembra um pouco a ásana “Saudação ao Sol” que, também multimilenarmente, os yóguis praticavam e praticam até hoje.

Eis a prática:

“Com um profundo sentimento de gratidão, como se estivesse cumprimentando com um “bom dia” ou “boa noite”, conforme o horário, vira-se para o

LESTE: “Gratidão aos nossos pais” e mais a todos os seres humanos, animais, vegetais, seres visíveis e seres invisíveis (os bons para que continuem cada vez melhor, os negativos para que transformem-se em bons) Que eles possam se libertar da inimizade, que eles possam se libertar da má vontade, que eles possam se libertar da ansiedade, que eles sejam felizes”. Observação: Claro que os seres de luz não têm estes aspectos negativos, falamos isso para os outros.

SUL: “Gratidão aos nossos instrutores religiosos” – idem acima.

OESTE: “Gratidão às pessoas que “dependem” de nós: filhos, parentes idosos ou pessoas que precisam de necessidades, cuidados especiais – idem acima.

NORTE: “Gratidão aos nossos parentes e amigos” – idem acima.

NADIR (centro da terra): “Gratidão aos que trabalham conosco, colegas de trabalho e, profissionalmente falando, para os nossos empregados, funcionários, servidores etc – idem acima.

ZÊNITE (do alto da cabeça até o infinito): para todo o Brasil e toda a humanidade. – idem acima e acrescenta-se: “Que todos possam alcançar a Suprema Bem-Aventurança, o Nirvana”.

Encerrando: Reverencia-se o Estado de Iluminação presente em cada um.

Veja a amplitude desta prática diária, ao fazermos as “Reverências aos Pontos Cardeais”, estamos nos conectando com todos os seres do universo. E só vai gastar uns poucos segundos do seu precioso tempo.

Saúde holística para todos: saúde física, mental, espiritual, emocional, afetiva, financeira, educacional etc... saúde social, política, econômica etc... para o nosso país e para o mundo !

Feliz Ano do Rato, que está começando agora em fevereiro, para todos !

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