segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O Darma e a Democracia

No ótimo livro “Meditação Vipassana: a arte de viver segundo S.N. Goenka”, de William Hart, traduzido conjuntamente para a nossa língua pela Associação Vipassana de Portugal e Associação Vipassana do Brasil, encontramos à página 221, um agradecimento do autor ao, entre outros nomes importantes, Venerável Piyadassi, do Sri Lanka.

Trata-se do Venerável Piyadassi Maha Thera, fundador e presidente, enquanto viveu, da Sociedade de Publicações Budistas, da cidade de Kandy, no citado país.

Tivemos a grata satisfação de conhecer pessoalmente o Venerável Piyadassi quando ele esteve no Rio, em 1972, a convite do monge Terra Pura Murilo Nunes de Azevedo, então presidente da Sociedade Teosófica no Brasil.

O Venerável Piyadassi era uma espécie de “cardeal” do Budismo Theravada no Sri Lanka e foi recepcionado por uma pequena colônia de cingaleses que, na ocasião, viviam na cidade maravilhosa.

O conceituado monge Piyadassi veio lançar em português um livreto de sua autoria, já traduzido para vários idiomas, que se chama “Budismo – uma mensagem viva”. A tradução esteve a cargo do também teósofo Gyl Fortes.

Vejamos um trecho do opúsculo, págs. 13 e 14:

“O Budismo dá muita ênfase às idéias e às instituições democráticas e embora, muito sabiamente, ele tivesse se abstido de interferir nos governos de sua época, fez da Sangha, comunidade de monges, uma instituição absolutamente democrática. “Para muitos pode parecer uma surpresa”, assim se expressou o Marquês de Zetland, antigo vice-rei da Índia, “o descobrir que nas assembléias budistas realizadas há dois mil anos na Índia é que se encontram os rudimentos de nossa própria prática parlamentar de hoje” (...) Na introdução do seu livro “The legacy of Índia” (p. X, XI), lorde Zetland faz alusão a “o Orador”, o “Líder da Casa”, “o quorum”, “o voto”, “a ordem do dia”, “a aprovação de um projeto após três leituras”, tudo isto tem lugar com as devidas formalidades, nas reuniões da Sangha. Até mesmo a idéia de votar por procuração se encontra no código disciplinar de Buda (Vinaya)”.

Após sua passagem pelo Rio, o Venerável Piyadassi foi para Buenos Aires, onde este pequeno grande livrete foi publicado pela Editorial Kier.

Nossa gratidão e reverências a estes dois grandes monges, já falecidos: Venerável Piyadassi Maha Thera e Murilo Nunes de Azevedo.

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