Um dos aspectos que caracteriza o Budismo Mahayana Japonês são os cultos fúnebres, que os praticantes theravadas também fazem e chamam “transferência de méritos”.
Os sacerdotes budistas são conhecidos como “guardiães dos mortos”, pois em certo sentido, o budismo japonês se tornou uma espécie de religião funerária. Com freqüência fazem cerimônias de sepultamento e também cerimônias para os antepassados das famílias. O mesmo acontece na liturgia Theravada.
Tudo isso é em respeito e reverência à vida. Não é algo mórbido, ao contrário, é saber que os antepassados estão vivos, em outra dimensão da existência.
Budistas louvam a vida em todas as suas dimensões visíveis e invisíveis, desde a minúscula célula, até grandiosos e iluminados seres dos nirvanas, isto é, os planos espirituais elevadíssimos.
Deste modo, há uma cerimônia muito importante que consiste em “batizar” fetos abortados e bebês natimortos. Eles recebem um nome, que pode servir para menino ou menina, ou pode ser nomes do reino vegetal, mineral etc. É a intuição do pai, da mãe ou do sacerdote que vai dizer.
Pode ser feita uma “certidão” e os pais ou a mãe guardam, escrevem também em uma madeirinha que pode ficar no altar, em um tempo, em um santuário. E daí por diante a pessoa pode falar, por exemplo: “Tenho dois filhos, um no plano físico, encarnado e outro no plano invisível, em outra dimensão”. Assume-se, portanto, a criança. O espírito desta criança vai ficar muito feliz e não vai se sentir rejeitado(a). Por outro lado a mãe que praticou o aborto terá nova e bela ligação com o (a) filho (a) espiritual.
Somos contra o aborto, somos a favor da vida, em todas as suas formas. Sabemos que os milhões de abortos que são praticados no Planeta Terra prejudicam e muito a atmosfera do mundo com vibrações negativas. Este é um dos motivos de tanta violência que ocorre no dia-a-dia.
Não condenamos as mães que, pelos mais diversos motivos, fizeram o aborto. Nossa atitude é de compaixão, respeito, solidariedade e apoio a elas, seus familiares e os fetos abortados em um momento tão difícil. É um tema delicado e a cerimônia acima citada é no sentido de reatar os laços entre mãe e filho que foram bruscamente partidos. Portanto, a cerimônia é saneadora emocionalmente e espiritualmente, para todos os envolvidos na questão, inclusive, ajuda a limpar a atmosfera do planeta.
Em japonês o ritual é conhecido como “mizuko kuyo” que podemos traduzir como “serviço religioso pelas crianças de água”.
Confirme no ótimo livro Religiones de Japon, de Michiko Yusa, ediciones Akal, Madrid, 2005, 128 páginas. A autora é professora da Western Washington University.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
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