terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Caminho do Meio

O Caminho do Meio da Disciplina

Há muito tempo,
Viveu um discípulo de Buda Sakyamuni chamado Sona,
Filho de uma rica família de Anga,
Um reino conquistado por Magadha.*
Diziam que ele tinha pelo na sola dos pés,
Pois nunca precisava sair e andar.

Sona ingressou no sacerdócio sob a direção de Buda
E se dedicou a um treinamento árduo.
Vivia na solidão das montanhas,
Num lugar ermo em que se abandonavam os cadáveres.
Quando caminhava em meditação,
Ele arranhava e cortava os pés,
Deixando sangue na vereda percorrida.

No entanto, apesar de seu devotado esforço, dia e noite,
Não conseguia se livrar dos desejos mundanos
E chegar à iluminação.
Solna tinha saudade da vida secular
E seu espírito fraquejava.

Buda percebeu os sentimentos de Sona e
Ensinou-lhe a analogia do alaúde.
“Sona, você tocava alaúde em casa?”
“Sim, tocava”, respondeu Sona.

Buda explicou:
“Não se pode extrair um som bonito
De cordas muito esticadas ou muito soltas.
O mesmo vale para a disciplina espiritual.
Se você buscar com pressa e intensidade extrema,
Seu espírito ficará instável e inquieto.
Se for muito relaxado, seu espírito ficará preguiçoso.”

Foi assim que Buda pregou
O caminho do meio da disciplina espiritual.
Grave isto profundamente na mente.


(*) Um dos quatro principais reinos da Índia, no tempo de Buda Sakyamuni.

- poesia do mestre budista Ryuho Okawa, publicada na revista mensal Ciência da Felicidade, nº 166, março de 2009.

- Observem a beleza desse Darma contemporâneo. O patriarca Okawa, poeticamente, nos conta sobre um sutta clássico do canon Tipitaka páli.

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