sábado, 28 de fevereiro de 2009

Declínio do Budismo "Amarelo" no Brasil

Com o título acima, o professor Frank Usarski, publicou um excelente artigo na revista Tempo Social da USP – Universidade de São Paulo, nº 2, volume 20, novembro de 2008, sob o tema geral: “Dossiê – Sociologia da Religião”.

Usarski é professor no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião da PUC-SP.

À página 134 ele reproduz um esclarecedor gráfico onde afirma que o Budismo Nichiren é a maior linhagem budista do Brasil, com 34% de preferência dos budistas brasileiros. Entendendo-se por tal, as 6 linhagens nichirenistas presentes no Brasil, a saber: HBS – Honmon Butsuryu Shu, Nichiren Shu, Soka Gakai, Nichiren Soshu, Reiyukai, Risho Kossei Kai.

No segundo lugar temos o Budismo Shin Japonês, vem a ser as Escolas Terra Pura com 24%. Em terceiro lugar vem o Budismo Vajrayana, as linhagens tibetanas com 16%. Em quarto o Budismo Zen Japonês, com 10%. Em quinto o citado professor inclui a categoria “outros” com 5%, imaginamos aí pequenas correntes budistas japonesas como a japonesa Agon Shu e semelhantes coreanas. No sexto lugar temos o Chan (Zen chinês) e Escola Terra Pura Chinesa com 4%. No sétimo lugar Usarski chama de Escola Ecumênica com 3%. Empatadas em oitavo lugar temos a esotérica japonesa Shingon e a ortodoxa Theravada, ambas com 2%.

Contudo, diz o professor que o chamado Budismo “Amarelo”, englobando japoneses, chineses e coreanos, por uma série de fatores, está em franco declínio, mediante os últimos dados do IBGE.

O pesquisador Frank comenta que nos Estados Unidos aconteceu fato semelhante, mas que a opção das linhagens japonesas foi a “americanização” e isso ajudou a melhorar o quadro.

Em 1984, em nosso primeiro livro, O Que É Budismo, editora Brasiliense, nº 113, da coleção Primeiros Passos, e em outros 11 livros que se seguiram, já falávamos sobre a necessidade de adaptarmos o Darma em terras brasileiras. Fomos muito criticados, mas é só estudarmos um pouco Religiões Comparadas e Missiologia que veremos a importância de adaptar um credo a uma determinada cultura para que ele possa se desenvolver, aliás, em nosso livro O Poder Do Dragão, publicado em 1993, pela editora Espaço e Tempo, citamos o especialista inglês em Budismo, John Blofeld (1913-1987), que declara:

“Onde quer que o Budismo tenha se espalhado, em lugar de tentar suprimir as religiões nativas, ele incorporou as crenças locais juntamente com a iconografia existente e, em muitos casos, transubstanciou essas crenças em instrumentos psicológicos a serem utilizados no cultivo do Caminho”.

Com alegria, vemos já algumas adaptações em curso.

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