sábado, 28 de março de 2009

Caridade = Darma

No tempo de Tetsugen, os livros sagrados do Budismo, na China, não tinham sido transcritos em japonês. Tetsugen pensou que eles poderiam ser feitos pelos próprios camponeses e planejou fazer milhares de cópias, gravadas à mão, em madeira. Para isso, ele foi de cidade em cidade, recolhendo donativos para que este imenso trabalho fosse posto em prática. Depois de dez anos, ele obteve o dinheiro necessário e começou a entalhar os blocos de madeira.

Mas, exatamente nesta ocasião, o rio Uji transbordou e houve muita fome na região. Tetsugen pegou o dinheiro que havia conseguido e comprou arroz para o povo faminto.

Superada a crise, começou novamente a juntar recursos para sua obra. Ele recebia doações pequenas e quantias em moedas de ouro, igualmente agradecido. Passados alguns anos, ele tinha o dinheiro todo de volta e recomeçou o trabalho. Então, uma epidemia assolou a região e milhares de famílias ficaram na miséria, precisando de ajuda.

Tetsugen, uma vez mais, gastou todo o seu dinheiro, ajudando os desamparados. E quando tudo isso terminou, começou a juntá-lo de novo !

Finalmente, o grande projeto foi realizado e Tetsugen morreu contente. A edição dos livros sagrados, feita por Tetsugen em japonês, ainda pode ser vista. Mas aqueles que a conhecem dizem sempre que as duas primeiras edições, as que jamais foram vistas, superam de longe a terceira.

(o texto acima está nas páginas 18 e 19 do livro Zen – Estórias e Koans, editora Numen, 1991. A tradução, prefácio e notas ficaram a cargo da professora e mestra em Literatura Maria da Conceição Couto Netto.

- Lembremos que o Buda ensinou a “primeira perfeição”, dana em língua páli, podemos traduzir como caridade, generosidade, compaixão. Ou seja, o caminho da iluminação, o caminho para o Nirvana ou Nibbana, passa pela caridade, pelo amor incondicional.

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