quinta-feira, 12 de março de 2009

Yoga da Caridade

Karma Yoga = Yoga da Caridade, Yoga da Compaixão

Li no Jornal do Brasil (03/02/08), sobre uma nova modalidade; a Yoga Hope, criada em 2006, nos EUA, e que se dedica, entre outras coisas à assistência social: “para mulheres sem-teto, vítimas de violência doméstica ou em tratamento de dependência química”. Além disso, redes de apoio estão se formando em vários pontos daquele país, no sentido de um trabalho social visando os que mais precisam: “esse caráter social, está se tornando uma característica do ioga americano”.

Na verdade, a idéia não é tão nova assim, trata-se da milenar Karma Yoga. A própria autora da matéria, publicada originalmente no The New York Times, esclarece no fim do artigo: “Há quem diga que levar a ioga aos mais necessitados tem a ver com a antiga prática do karma ioga, ou ioga voltado para a população carente”.

No Brasil, há um ótimo livro sobre o assunto, autoria do grande Swami Vivekananda, Karma Yoga, obra que tem como subtítulo “A educação da vontade”, editora pensamento, 2005, 116 páginas. Em 1893, Vivekananda divulgou em Chicago, em um famoso Parlamento das Religiões, os princípios de diversas correntes do Yoga e filosofias da Índia.

Popularmente conhecida como yoga da ação, Karma Yoga é uma forma atuante e dinâmica de levar aos que sofrem o lenitivo espiritual e material. Os dois estão juntos, completam-se, priorizar só um e esquecer o outro não é recomendável, pois yoga = união é ter consciência de que o micro e o macrocosmo formam um todo. E há muitas formas de se exercer a caridade, a generosidade. Observe os seus talentos, a sua criatividade e então aja, se exercite, para o bom proveito dos demais e também o seu, pois tudo está interligado.

Buda, que Vivekananda cita várias vezes, afirmava que a generosidade, a caridade é a primeira perfeição. Ou seja, se queremos ir para o Nirvana, é de bom tom, iniciarmos logo a prática consciente, em plena atenção, de atividades voltadas para o social. Caridade, generosidade, também é compaixão.

Algumas pessoas não gostam da palavra “carma”, pensam que é uma palavra negativa, devido ao seu uso popularizado no Brasil. Tal como Buda, Vivekananda esclarece que a palavra carma quer dizer “ação”, logo tudo é ação, mesmo a inação é uma forma de ação, a omissão é outra forma de ação e a total ausência de ação, ainda assim, é uma ação. Ou seja, estamos sempre, por mais ínfima que seja, realizando uma ação e a ação se realiza através da palavra, da atitude (o ato de agir) e do pensamento. Então, estamos continuamente provocando/concretizando/realizando carma. Se for positivo, construtivo será um carma positivo, caso contrário teremos o carma negativo.

O carma não é algo inventado pelo ser humano, trata-se, na realidade, de uma das leis que regem a vida, o universo. Também conhecida como “Lei do Retorno” , “Lei de Causa e Efeito” ou “Lei de Ação e Reação”. É um desdobramento da Lei de Gravidade, que Vivekananda também cita, tudo volta, tudo retorna à Mãe Terra: mudado, transformado, de forma boa ou ruim, mas volta.

Alguns também invocam a Lei da Física: “toda ação corresponde a uma reação”, logo... que nossas ações sejam sempre boas, construtivas, elevadas, para cima, alto astral. Caso contrário, o retorno será desagradável, quer no aspecto físico, mental, espiritual, material, psicológico, econômico, social, afetivo etc... tanto no plano individual quanto no coletivo.

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