domingo, 16 de março de 2008

O Lótus e a Cruz

“No segundo milênio antes da era cristã, antes que Abraão iniciasse sua viagem errante através dos desertos, que se estendem da Mesopotâmia até o Egito, à procura do culto do Deus Único, uma outra busca ardorosa e incansável do Todo-poderoso tinha começado no alto dos Himalaias. Em toda a extensão do vasto sul-continente indiano, a cultura dos invasores arianos já se tinha misturado à cultura, muito florescente, dos dravidianos. E desta fusão de raças e culturas havia nascido e se desenvolvera um prodigioso sistema de pensamento e de vida mística, que se caracterizou sempre por uma intensa e profunda busca do Absoluto. Assim tivera lugar, na Índia, mais de mil anos antes de Cristo, um acontecimento notável, que foi sem dúvida, um dos mais significativos surgidos em nosso planeta, desde o aparecimento do “Homo Sapiens”. Parece que, então, pela primeira vez na história, o espírito humano rompeu a barreira das representações sensíveis e chegou à intuição da Suprema Realidade. Foi esta realidade, que transcende ao mesmo tempo os sentidos e a razão – Brahman, que permaneceu desde esse momento até hoje, a inspiração das religiões indianas”.

O parágrafo acima faz parte do excelente livro O lótus e a cruz, autoria de Frei Raimundo Cintra e tem como subtítulo “hinduísmo e cristianismo”, publicado pelas Edições Paulinas, em 1981, com 216 páginas.

Já falecido, Frei Raimundo Cintra foi um dos pioneiros, em nossa língua, dos estudos orientalistas e da aproximação entre o pensamento da Índia e o catolicismo.

Estamos em um período de Semana Santa, uma data importante do calendário cristão. Vamos então ver alguns trechos do magnífico livro citado:

Palavras do Papa Paulo VI quando visitou a Índia, em 1964: “O vosso país é um país de cultura antiga, berço de grandes religiões e foco de uma nação que procurou Deus, com um desejo incansável, expresso nos cânticos de uma oração fervorosa. Raramente esta espera de Deus foi manifestada com palavras mais repletas do espírito do Advento, do que as que se acham escritas em vossos livros sagrados, muitos séculos antes da vinda de Cristo” (pág. 89).

“Ela (a Índia) recebeu do Todo-poderoso um dom excepcional de tudo o que pode ser espiritual. Desde o tempo dos Vedas e dos Upanichads, uma multidão inumerável de seus filhos foram grandes investigadores de Deus” (pág. 90).

“Esta busca de Deus é uma história que começou 2.000 anos antes do nascimento de Cristo e que perdura incansável até os nossos dias. Passou por inúmeras vicissitudes e se ramificou em numerosos sistemas filosóficos, escolas espirituais ou grupos religiosos” (pág. 90).

Antonio Carlos Rocha compartilha meditação, relaxamento e visualizações na ABPY, no terceiro sábado de cada mês, às 17:30 horas).

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