sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Buda no Corão

Na primavera de 1995, durante uma visita a Istambul, Turquia, encontrei-me com o decano e um grupo de professores da Lei Islâmica e Filosofia da Religião, da Faculdade Ilahiyat de Teologia Islâmica da Universidade de Marmara.

Os professores sentiram que não havia nenhum problema do lado do Islã em relação à harmonia com os budistas, e citaram três razões.

Primeira: certos eruditos islâmicos modernos afirmaram que o Profeta Dhu´l Kifl – o homem de Kifl – mencionado duas vezes no Alcorão se refere ao Buda, sendo Kifl a interpretação árabe do nome do reino nativo de Buda, Kapilavastu. A menção alcorânica da figueira, continuaram eles, refere-se à árvore bodhi, sob a qual o Buda manifestou a sua iluminação. O Alcorão diz que o seguidores de Dhu´l Kifl são pessoas justas.

Segunda: al-Biruni e al-Shahristan, dois eruditos islâmicos que visitaram a Índia nos séculos XI e XII, respectivamente, e escreveram sobre suas religiões, chamaram de “Profeta” o Buda.

E terceira: os muçulmanos caxemirianos, que se estabeleceram no Tibete, a partir do século XVII, casaram com mulheres tibetanas budistas, dentro da Lei Islâmica.

(..) do século VIII ao século X, a Lei Islâmica ampliou o conceito de “povos do Livro” aos budistas, concedendo-lhes o mesmo estatuto e direitos que os cristãos e judeus tinham sob o domínio árabe.

(...) no século VIII, na Ásia Central, os budistas eram conhecidos como “povos do Dharma” e “povos do Livro”.

Na Indonésia, os budistas postulam Adibuda, o Buda Primordial, como o Criador.

(...) tive muitas conversas com monges budistas sobre a questão de Deus no budismo (na Indonésia), concluímos que não há razão para nos sentirmos desconfortáveis ao dizermos que o budismo aceita um Deus criador. Como os muçulmanos dizem: “Alá tem muitos nomes”.

Por conseguinte, da minha experiência na Indonésia, com base em Adibuda, vimos que o budismo aceita um Deus criador.

(...) os teólogos islâmicos na Turquia convidaram-me para ensinar budismo e a relação entre o Islamismo e o budismo ao corpo de estudantes e à faculdade.

O Profeta Maomé recomendava aos discípulos irem até a China para estudarem a sabedoria e, nessa época, a Ásia era praticamente toda budista.

- os trechos acima são de autoria do professor norte-americano Alexander Berzin, uma das maiores autoridades em Budismo na atualidade. Morou na Índia durante 29 anos e lecionou em 70 universidades, em diversos países.

- confira: www.berzinarchives.com/web/pt

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